segunda-feira, 13 de abril de 2009

Em defesa de uma educação classista a serviço dos trabalhadores


A debandada dos movimentos da dita esquerda brasileira para os aparatos burocráticos do Estado é uma realidade que só não vê quem não quer. Infelizmente durante muito tempo este tipo de esquerda é que deu a linha aos movimentos populares e sindicais, discursando em prol da transformação social, mas atuando em defesa de partidos eleitoreiros. Com a eleição federal de 2002 a máscara começa a cair e os mesmos que antes bradavam aos quatro ventos a denúncia do Estado como opressor e dominador da classe trabalhadora, passam a assumir cargos neste mesmo Estado.


O resultado deste processo, depois de 6 anos, é a ausência quase total de organizações de fato comprometidas com as mudanças estruturais necessárias para que a nossa sociedade seja de fato justa. A maioria das centrais sindicais, movimentos sociais, partidos políticos, etc. hoje preocupam-se em justificar as medidas dos governos e não mais em defender o projeto histórico dos trabalhadores. Uma ou outra entidade que afirmam defender tal projeto, continuam atreladas a partidos políticos que a cada eleição novamente repetem: “a eleição não muda nada”, no entanto participam das mesmas, lançando candidatos e pedindo votos. Não seria mais coerente defender que os trabalhadores não participem desta farsa, orientando-os a não votar?


Diante desta realidade, sentindo a necessidade de uma organização nacional que seja independente de qualquer partido político eleitoreiro, de uma organização que se preocupe de fato com a educação dos trabalhadores e cientes dos limites e das possibilidades da escola formal, um grupo de professores, funcionários de escolas, estudantes universitários e secundaristas e educadores populares criaram o MOCLATE – Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação. Em um encontro realizado nos dias 29 e 30 de novembro de 2008 na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, debatemos sobre os problemas gerais da sociedade e como a educação se insere neste contexto.


Que a educação é essencial aos trabalhadores para a transformação da sociedade é consenso entre nós, contudo, o tipo de educação que devemos proporcionar é o que precisamos constantemente debater. Por isso, no encontro de Curitiba, após profundos debates, concluímos que é preciso resgatar a teoria marxista para a educação, haja vista ser esta a única capaz de nos aproximar o máximo possível da verdade. O resgate do conhecimento científico, abandonado nas últimas décadas pelas ideologias pós-modernas, é uma de nossas metas principais, contudo não é qualquer ciência, mas a ciência classista, o marxismo, cuja finalidade é desvendar a realidade concreta e lutar pela transformação desta realidade.


A importância da organização sindical dos trabalhadores também foi ressaltada por nós no encontro, por outro lado, cientes dos limites desta organização, tiramos também como meta a superação da consciência corporativa avançando para a consciência de classe. Nós educadores da escola pública que trabalhamos diretamente com os filhos dos trabalhadores, não podemos nos furtar de compreender a totalidade social que estamos lidando. Primeiro porque, no que diz respeito à nossa classe, se vivemos exclusivamente de nosso salário, somos iguais aos nossos alunos e aos seus pais; segundo porque não há como ter uma educação diferente da que temos se a sociedade, em geral, continuar funcionando estruturalmente a partir da economia capitalista cuja finalidade suprema é o lucro, garantido pela apropriação privada dos meios de produção. Diante disso surge então a necessidade de rompermos com a consciência corporativa e avançar para a consciência de classe, haja vista ser esta a única que nos possibilitará a transformação da escola e da educação em geral.


Também defendemos a organização independente e combativa dos trabalhadores da educação. Independente de projetos eleitoreiros, de partidos que, embora discursem contra as eleições não deixam de legitimá-las a cada pleito. De sindicatos e centrais sindicais que fazem o jogo do governo ou funcionem como braço eleitoral de partidos ditos marxistas. Assumimos abertamente nossa ligação direta com todos os movimentos populares, organizados pela classe trabalhadora que tenha como objetivo bater forte nas estruturas do sistema econômico capitalista, superando-o pelo socialismo.


Por fim afirmamos nosso repúdio ao atual processo eleitoral por entendermos que estes não passam de uma forma de enganar os trabalhadores, fazendo-os acreditar que a única forma de mudança é via eleitoral, enquanto que, na realidade esta não passa de um disfarce para a ditadura da burguesia se perpetuar no poder. Defendemos a mobilização dos trabalhadores em suas lutas diretas, pois entendemos que este é o principal instrumento de transformação da sociedade. Neste momento, em que a crise do capitalismo causa mais sofrimento à classe trabalhadora, é preciso intensificar a defesa de uma outra sociedade, a sociedade socialista. Para tanto precisamos estudar e nos mobilizar, este é nosso principal desafio.

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