quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Brasil investe 80% menos em educação do que países da OCDE

Um relatório dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sobre o ensino fundamental mostra que o Brasil investe um quinto do que investe os demais países membros do grupo.

Fazem parte da OCDE 33 países entre eles Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Noruega, Reino Unido, Estados Unidos, Chile, México e Japão.

Segundo a publicação, o Brasil investe em média, US$ 19.516 por estudante do fundamental em todo o ciclo, contra uma média de US$ 94.589 dos países membros da OCDE.

Para o levantamento é levado em consideração os salários de professores, capacitações de aprendizagem, materiais e instalações de ensino e o número de estudantes matriculados.

A situação da educação no Brasil é lastimável. Os oito anos de gerência do PSDB de FHC com o sistemático corte de verbas na educação pública, seguido da gerência do PT que manteve a mesma política foi um atentado à educação pública.

A cada dia se deteriora os serviços prestados à maioria pobre da população. As verbas que deveriam sustentar a educação pública são desviadas para os capitalistas do ensino privado. Este desvio ocorre através de subsídios, isenção de impostos e outros mecanismos criados para isso.

Além do financiamento de bancos como foi visto em todos os países com a crise financeira mundial. Como resultado dessa política ocorre a deterioração e o retrocesso nas áreas sociais.

Um dos resultados desde pequeno investimento na educação, em especial da faixa que vai do ensino fundamental ao médio, é a baixa qualidade que não prepara os estudantes para o ensino superior nem atuar profissionalmente. Uma das medidas mais criminosas adotadas pelo governo no ensino fundamental é a chamada “aprovação automática”, para cortar gastos com a permanência do aluno na escola, ainda que ele não saiba nada.

Estes dados sobre o investimento em educação devem piorar no próximo período. Assim como os países europeus já estão colocando em prática, o FMI anunciou que o próximo governo brasileiro deve promover um plano de austeridade. Este golpe contra a população consiste em restringir ainda mais a verba utilizada para diversas áreas sociais, inclusive a educação.

Este plano deve ser barrado com a mobilização da classe trabalhadora e das massasa poluares, única via capaz de evitar um colapso completo da educação pública no País.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ABAIXO A FARSA ELEITORAL!

A FARSA ELEITORAL E A LUTA DE CLASSES

A farsa eleitoral do monopartidismo tem no plano nacional Mrs. Dilma Roussef e Sir. José Serra disputando o posto de Gerente do velho Estado burocrático das classes reacionárias serviçais do imperialismo. Aquele que oferecer mais segurança aos inimigos e opressores do povo será guindado à Gerência, como tivemos nos últimos 16 anos de socialdemocracia (8 do PSDB e 8 do PT). Só uma força capaz de controlar um grande conjunto das massas do povo interessa assumir o gerenciamento dos projetos da grande burguesia, dos latifundiários e do imperialismo.
Na atualidade essa força é o PT e Mrs. Dilma Roussef, unida com a caterva de revisionistas do PCdoB, PSB, PDT e os “movimentos sociais” cooptados, “centrais sindicais”, “UNE”, “UBES”, e as oligarquias regionais. Já são 8 anos de serviço sujo, cumprido pelo operário padrão do FMI, Luiz Inácio, como gerente, devidamente ministrado e assessorado por latifundiários, banqueiros, grandes burgueses, pelegos, pseudo intelectuais e representantes de movimentos sociais e sindicais amarelos. O resultado disso é um processo de cunho fascista de controle das massas onde a polícia política dos oportunistas, facilitada pela máquina de cooptação do Estado, e a polícia armada do aparato de repressão do mesmo Estado se juntam operando as mais repugnantes ações de repressão contra o povo: assistencialismo, farsa eleitoral, repressão, violência e corrupção policial. Contrastando com os “avanços sociais” apregoados pelos agentes do oportunismo, os problemas sociais só se agravam: em todo o país faltam habitação, hospitais e escolas públicas de qualidade para o povo. Ademais, a violência contra o povo só aumenta. São mais de 40 mil assassinatos por anos no Brasil. Só a região metropolitana de Curitiba já ultrapassou 30 homicídios por final de semana. No campo a violência contra os camponeses pobres sem terra e com pouca terra também aumentou no gerenciamento de Luiz Inácio. De acordo com dados da CPT, houve um aumento do número de camponeses assassinados pelo latifúndio e suas milícias armadas durante a gerência de Luiz Inácio, em comparação com a de FHC. Intensifica-se a luta de classes no campo. O movimento classista dos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra segue organizando massas de camponeses, tomando terras e repartindo-as para quem delas necessitam para trabalhar e viver; levanta a bandeira da revolução agrária como base da revolução de nova democracia ininterrupta ao socialismo. As classes reacionárias e o seu Estado se armam contra o povo. Com elas os oportunistas e revisionistas levantam as bandeiras da “paz”, da “democracia”, dos “direitos humanos” e das “eleições”. O monopartidismo expressa a ideologia e o projeto de sociedade das classes reacionárias e dos oportunistas e revisionistas. O monopartidismo é formado por dezenas de siglas envolvidas na farsa eleitoral entre as que estão registradas nos cartórios eleitorais e as que atuam sob “útero de aluguel” daquelas e são chamados “partidos”, “tendências” ou “correntes”. O classismo verdadeiro deve travar uma luta sem trégua contra as classes reacionárias e todos os opressores do povo e os instrumentos criados por eles para manejar o poder, como o processo eleitoral. No combate aos inimigos do povo os movimentos classistas conclamam o povo a NÃO VOTAR e a SE ORGANIZAR E LUTAR CONTRA OS SEUS INIMIGOS. Vamos organizar os Comitês Populares contra a Farsa eleitoral. O povo tem o direito a não votar. O povo quer terra, quer trabalho, não quer eleição! Rebelar-se é justo! Eleição Não! Revolução Sim!


O CLASSISMO CONTRA AS ELEIÇÕES BURGUESAS.

Há mais de um século os operários ingleses iniciaram uma grande luta pelo direito ao voto. O movimento Cartista entregou em 1838 a Carta do Povo com mais de 1 milhão de assinaturas ao parlamento inglês com tal reivindicação, cuja a resposta imediata foi negativa. Neste momento a burguesia temia a perda do controle sobre o operariado se estes viessem a eleger representantes seus no parlamento. Com o passar do tempo, o crescente movimento operário utilizando-se de formas radicais de luta tais como greves, ocupações e destruições de fábricas, barricadas, faz a burguesia industrial tremer. Sentindo a ameaça revolucionária batendo às portas sente a necessidade de frear o movimento, a repressão já não conseguia mais conter as rebeliões, era muita gente para matar, espancar e prender. Diante disto sagazmente articulam seu plano para conter a rebelião antes que esta se transformasse em revolução, entre o pacote de medidas concedidas aos trabalhadores pela burguesia está o direito a votar e ser votado.
Diversos revolucionários da época já alertavam para o estrago que esta medida causaria à luta proletária caso não fosse entendida em seu contexto. No final do século XIX, Lênin, ao combater
o oportunismo do Partido Comunista Alemão liderado por Karl Kautsky, que advogava a tese do eleitoralismo como a arma que havia superado a luta revolucionária, afirma que “A essência de toda doutrina de Marx e de Engels é a necessidade de inculcar sistematicamente nas massas essa idéia da revolução violenta. É a omissão dessa propaganda, dessa agitação, que marca com mais relevo a traição doutrinária das tendências chauvinistas e kautskistas” (LÉNIN, O renegado Kautsky, 2007, p.38-39). Este alerta de Lênin está hoje mais vivo que nunca, dois séculos de engodo eleitoral certamente serviu para demonstrar a concretude e a veracidade desta afirmação. O governo de Luiz Inácio e do PT, desde 2002, apenas comprova mais uma vez o que Lênin já dissera no século passado.
Nós do Movimento classista de Trabalhadores da educação não temos nenhuma ilusão com as eleições, mesmo que alguns candidatos argumentem que sua candidatura é apenas um meio para denunciar o capitalismo e propagandear o comunismo, estes não deixam de ser colaboradores ingênuos deste jogo burguês. Dizem defender o socialismo ou comunismo, que somente a revolução pode acabar com as injustiças do país, mas pedem o voto do povo para fazer tal mudança, ou seja, aceitam o jogo de cartas marcadas que a burguesia lhes permite jogar, aliás, a burguesia precisa deles para legitimar seu jogo.
Defendemos uma mudança completa no Estado, a substituição deste pelo Estado proletário e temos clareza que somente a revolução vinda das massas pode garantir esta mudança. Para nós todo Estado é um Estado de classe e no caso do atual Estado, capitalista conforme já nos alertou Marx e Engels, “não passa de um comitê para administrar os negócios da burguesia”. Nesta perspectiva todos os candidatos e partidos que se lançam nesta disputa estão ou se propondo a ser gerentes deste Estado, ou legitimando a gerência dos que entrarem.
Se contrapondo a esta farsa nós, que defendemos o classismo como princípio, não almejamos outra forma de transformação social que não a luta direta e organizada pelos trabalhadores. A história nos mostrou que este é o caminho único pelo qual milhões de trabalhadores passaram e tiveram vitórias importantes, só para dar alguns exemplos basta lembrar da Rússia em 1917, na China em 1949, em cuba em 1959, no Vietnã em 1965. Em contrapartida, em outros países cujos seus dirigentes pseudo comunistas ludibriaram o povo com a farsa eleitoral jamais obtiveram qualquer vitória, como exemplo a Alemanha do Renegado Kautsky e a Itália dos anos 1920. Nestes dois países o resultado do abandono da luta revolucionária foram o fascismo e o nazismo, regimes que destroçaram o movimento operário daquela época.
O MOCLATE se propõe a atuar junto a todas as organizações classistas de fato, que não se deixaram cooptar pelo canto da sereia das eleições. Nosso compromisso é com uma educação proletária
que consiga unificar a teoria e a prática tanto no campo técnico quanto no campo político. Sabemos, no entanto que isto não se dará neste Estado capitalista-imperialista que está a serviço das corporações financeiras e do latifúndio.
Nós trabalhadores da educação pública e nossos alunos somos vítimas deste Estado que tenta a todo custo nos fazer acreditar e inculcar em nossos alunos a importância de votar como único instrumento capaz de melhorar nossas condições de vida. Não temos nenhuma ilusão com qualquer mudança educacional sem a destruição deste Estado. Não abrimos mão de resistir e denunciar o atual Estado criminoso que age conjuntamente com a grande burguesia e o latifúndio para massacrar o povo pobre de nosso país.
. Conclamamos a todos os educadores sérios e honestos a se juntar a nós na luta contra o oportunismo. Precisamos ir além dos muros da escola se queremos de fato mudar a educação. Os problemas que enfrentamos em nosso dia a dia não está na escola, está na condição miserável em que este Estado imperialista-burguês-latifundiário impõe ao povo, pais e mães de nossos alunos. Empenhemo-nos em denunciar a farsa eleitoral, busquemos organizar escolas populares em conjunto com movimentos de massas no campo ou na cidade, não tenhamos medo de defender uma nova sociedade onde tudo esteja sob o controle dos trabalhadores e onde a burguesia e demais classes parasitárias sejam extirpadas. Este deve ser nosso projeto histórico se de fato queremos nos realizar enquanto educadores e superar a fatigante rotina e sobrecarga de trabalho que nos impõe este Estado e seus gerentes.

ANULE SEU VOTO! LUTE PELA TRANSFORMAÇÃO RADICAL DA SOCIEDADE!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Farsa do IDEB

No dia 1º de julho último, o Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) divulgaram o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2009. O resultado, festejado pelo governo federal, veio a público logo em seguida o anúncio de corte de 1,2 bilhão de reais do orçamento do Ministério da Educação para o ano de 2010 o que, somado ao primeiro contingenciamento já efetuado no princípio do ano, já significa uma subtração de R$ 2,34 bilhões dos já parcos recursos disponibilizados para o MEC no ano corrente.

Fernando Haddad, o ministro mentiroso, já correu aos monopólios de imprensa para dizer que isso “em nada afetará” o quadro –já crônico- do ensino público no Brasil. O que torna tudo isso ainda mais monstruoso é o fato, apontado pelo MEPR em recente artigo, de no final do ano passado o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ter liberado uma linha de crédito (com juros inferiores ao do mercado) para as universidades privadas no valor de R$ 1 bilhão, ou seja, concedeu ao ensino superior privado o equivalente do que subtraiu, pouco meses depois, do orçamento da pasta da Educação. O argumento do governo Banco Mundial/Lula, endossado pelo BNDES, foi o mesmo que o utilizado por esse banco estatal para doar dinheiro público aos gigantes do capital monopolista internacional para que possam sem riscos dilapidar as riquezas do nosso país: o combate à “crise econômica”.
IDEB: A estatística como instrumento de falsificação da realidade:

No_ndice_de_Desenvolvimento_da_Educao_divulgado_pelaUNESCO_em_2009_Brasil_esta_atras_de_todos_seus_vizinhos_sul-americanos O IDEB foi criado pelo INEP (órgão vinculado ao MEC) em 2007, como um indicador que pudesse medir a qualidade do ensino público e privado. Segundo disponibilizado na página do INEP, “o indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb e a Prova Brasil”. O índice, que vai de uma escala de 0 a 10, passou a ser contabilizado em 2005. O objetivo do MEC é que, em 2022, o ensino brasileiro alcance a meta seis. No ano de 2009 o índice registrado foi de 4,6; 4 e finais, respectivamente. Este foi, acreditem, o resultado comemorado!

Não obstante, a divulgação de números quantitativos absolutos, tão ao gosto dos economistas vulgares e gerentes de plantão, tanto na educação quanto em qualquer campo de análise que se queira, é quase sempre uma fuga ao método científico, uma maneira de falsear a realidade simplesmente porque joga fora aquilo que há de essencial, isto é, a qualidade de um dado fenômeno que se queira analisar. Vejamos.

Em primeiro lugar, o índice compara e iguala, para efeitos numéricos, a educação pública com a privada. Isto, sabemos, somente pode ser digno de um absurdo. Equivale, na realidade, a distorcer a realidade uma vez que toda criança sabe muito bem o abismo que separa uma da outra. Outra questão, esta referente ao método, é o fato de se tomar como ponto de apoio para o cálculo os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica e a Prova Brasil acrescidos aos dados de aprovação escolar fornecidos pelo Censo Escolar, EDUCENSO.

Quanto às referidas provas, além do nível exigido ser bastante questionável, limitam-se às disciplinas de português e matemática, passando longe de abranger o conjunto de conhecimentos aos quais as crianças e jovens possuem direito a ter acesso; quanto a tomar por referência os índices de aprovação escolar, aferidos pelo EDUCACENSO, é algo ainda mais grave: sabemos que em não poucos municípios brasileiros rege a famigerada aprovação automática, muitas vezes maquiada com chamados “ciclos de aprendizagem”. Tomar tais índices genéricos de aprendizagem, per si, não só legitima tais práticas como inclusive seduz a que as secretarias de educação os tomem como regra, a fim de mascarar os números a favor dos interesses locais, tanto de verbas como eleitorais. E não é só isso.

Infra_estrutura_no__considerada_como_critrio_pelo_IDEB Para qualquer pesquisador rigoroso, a qualidade do ensino só pode ser medida, em primeiro lugar, pelas relações de trabalho/ensino vigentes nas escolas, fruto de uma correlação entre infra-estrutura e apoio às atividades docentes-discentes. E é precisamente isso que fica de fora do cálculo governamental. Como bem pondera o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, "O Ideb é um termômetro que revela se o aluno está ou não assimilando informações fornecidas pelo sistema educacional, mas não considera aspectos que têm impacto sobre a qualidade, como a valorização dos profissionais e a infra-estrutura". (1)

Tal critério levou ao grotesco fato, por exemplo, de que uma escola aonde os alunos têm aulas em containeres, chamada por professores e alunos “escola de lata”, obtivesse um dos melhores índices do Rio Grande do Sul. Trata-se da Escola Estadual Ismael Chaves Barcellos, localizada no bairro Galópolis, em Caixas do Sul. (2)

E é, não há dúvida, através da comparação dos índices globais com a realidade local e regional que a falsidade dos índices oficiais salta à vista. O absurdo estatístico é evidente, ao observarmos que o todo não é absolutamente retrato do que são cada uma das suas partes.
Como pode elevar-se o índice nacional quando a maioria dos Estados está abaixo dele?

Essa é uma pergunta que impõe-se por si. Em todas as três fases avaliadas pelo índice (4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do fundamental e 3º ano do ensino médio), pelo menos 16 dos 27 Estados brasileiros estão fora da média nacional de desempenho. No ensino médio apenas 11 estados estão dentro da média nacional. (3). O que significa isso, além da constatação da imensa desigualdade regional que assola como uma chaga nosso país, senão a mentira dos índices comemorados pelo governo e o erro que é toma-los como critério científico, tal como ocorre com a renda per capita para aferir a realidade de um dado país?

Enquanto São Paulo e Santa Catarina ostentam média nacional de 4,5 Alagoas registra média de 2,9, ou seja, menos da metade do índice 6 tido como padrão internacional de boa qualidade. Aliás, somente 0,09% dos municípios brasileiros (cinco entre 5.498) atingiram a nota 6 nos anos finais do ensino fundamental em escolas públicas!

O Censo Agropecuário de 2006, divulgado recentemente pelo IBGE, aponta a existência de 4,6 milhões de analfabetos no campo brasileiro, ou seja, 35, 7% do total de trabalhadores considerados “ocupados”, mesmo considerando a profunda deturpação desse índice pelos órgãos oficiais. Como publicamos em matéria no Jornal Estudantes do Povo nº 12, segundo o Instituto Nacional do Analfabetismo Funcional (INAF) o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população brasileira o que, somado aos 7% que são considerados totalmente analfabetos, resulta em 75% da população de nosso país.

Mas não é apenas a desigualdade regional o que salta à vista. É também a disparidade entre o ensino público e privado. As provas do SAEB, um dos componentes do IDEB, possuem escala e grau de dificuldade comum a todas as séries, o que permite a comparação de alunos de diferentes anos. Comparação feita constatou-se que, ao concluir o ensino médio, os alunos da rede pública de ensino possuem índice de rendimento inferior aos que concluem o ensino fundamental na rede privada, ou seja, na comparação genérica entre rede pública e privada aponta-se para uma defasagem de três anos daquela em relação a esta! (4)

Não obstante esses números, que jogam luz sobre os métodos nada científicos dos estatísticos do governo, há quem diga que o simples fato do MEC possibilitar a publicação de índices comparativos, que sirvam como parâmetro nacional, já é um importante passo. Mas aí nos perguntamos: para que, afinal de contas, têm servido tais índices, deturpados em suas nove décimas partes?
Índices de desenvolvimento ou ranking’s para investimento?

Na realidade, a disseminação de ranking’s em todas as esferas do ensino do País, e não só do ensino aliás, têm como principal objetivo o rankeamento para fins de comparação de mercado, por um lado, e a obtenção de melhor colocação junto às estatísticas internacionais, melhor qualificando a “mão-de-obra” brasileira com o objetivo de atrair os monopólios estrangeiros e seduzi-los com o miserável salário pago aos trabalhadores de nosso país, por outro.

Ora, é comum vermos universidades particulares quase que obrigando seus alunos a fazerem cursinhos especiais para o ENADE, e vinculando a nota obtida no mesmo em campanhas publicitárias.

E mesmo se tomarmos os ranking’s internacionais como parâmetro, a posição do Brasil nos mesmos é vexatória: quase ao mesmo tempo que louvava o resultado geral do IDEB 2009, o governo teve de amargar a perda de 12 posições no Índice de Desenvolvimento Educacional da Unesco, aonde o Brasil ocupa, dentre 128 países, o 88º lugar. Com isso, o IDE (Índice de Desenvolvimento Educacional) do Brasil, caiu de 0,901 para 0,883 em uma escala de 0 a 1, o menor entre todos os países do Mercosul. (5)

A diferença mais gritante aqui, que se impõe a quem queira ver, está na publicidade que acompanhou a divulgação de uma e de outra estatística.
O ensino de um país semicolonial:

No_Rio_que_teve_baixo_ndice_no_IDEB_a_polcia_militar_aopnta_arma_para_professores_durante_manifestao_por_melhores_condies_de_trabalho Na realidade as estatísticas oficiais, seja no campo do ensino mas também no da economia, da demografia e todos os demais, pecam porque se pautam no particular, nos números absolutos, não podendo admitir o sentido da realidade, para onde ela aponta, quais são os seus atores, em suma, não podem ver o processo no seu conjunto porque daí implicam soluções de conjunto, ou seja, a refutação da miserável ordem vigente. Por isso, por trás de cada estatística divulgada pelo velho Estado, repousa uma tentativa de falsear a realidade, e devemos nos exercitar no intento de desnudar essas tentativas.

O que estatística oficial nenhuma pode dizer ou admitir é que somos um país dominado pelo imperialismo, portanto semicolonial, com fortes traços semifeudais na nossa economia. Ora, como seria possível entender o caráter do ensino no nosso país senão que em relação com a realidade que o condiciona?

Temos visto a campanha pelo enxugamento das matérias chamadas vulgarmente “humanidades” nos currículos dos ensinos médio e básico e a proliferação do ensino técnico que forma meros “apertadores de parafusos”. Tem sido grande a gritaria, também, de muitos “economistas” (na verdade, meros repetidores da apologética imperialista) no sentido de que o Brasil “forma poucos engenheiros”, e de que mais cursos na área de “tecnologia” devem ser criados. Tudo isso, segundo dizem, como alavanca do “crescimento econômico”, eufemismo utilizado para falar em rapinagem do nosso país pelos monopólios estrangeiros. Na realidade, a lógica é uma só: disponibilizar mão-de-obra relativamente especializada farta e barata ao “mercado”. Dizemos relativamente porque, uma vez que as transnacionais que aqui se instalam não agregam conhecimento científico ao País, aos brasileiros formados no ensino superior bastam conhecimentos rudimentares na aplicação destas tecnologias vindas desde fora.

Essa condição de país semicolonial, e conseqüentemente de um ensino voltado não à produção de autêntico conhecimento científico, fica clara ao comparar o investimento estatal médio, por estudante de pós-graduação, do Estado brasileiro com o efetivado por outros países: enquanto a média dos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de US$ 3.765, o gasto em P&D por aluno no Brasil é de US$227! (6) A Suíça, por exemplo, gasta US$ 9.447 por aluno em pós-graduação. Ora, o que é isso, senão que a economia brasileira calca-se na completa desnacionalização e está inteiramente dominada pelos monopólios estrangeiros, que aqui vêm sugar nossos recursos naturais e nossos trabalhadores, ao passo que a tecnologia empregada na produção vem pronta desde as metrópoles, para onde também é remetido todo o lucro obtido no País?

Eludir essas questões, não responde-las, significa a não responder coisa alguma. Devemos dizer que é pura demagogia falar em “revolução pela educação”, uma demagogia sem limites. Na realidade transformar o ensino em nosso país, de modo radical, coloca-lo à serviço do povo e do desenvolvimento nacional, é parte da demanda democrático-nacional nunca completada em nosso país, pelo simples fato de que nunca houve um processo revolucionário de fato no Brasil, que rompesse com o imperialismo e as bases podres do sistema latifundiário. A mobilização contra a crise crônica do ensino em nosso país, em todos os níveis, somente pode ser entendida como parte da mobilização por transformações mais amplas e radicais em toda a estrutura de classes de nossa sociedade, na derrocada desse capitalismo burocrático atrelado ao imperialismo e seu sistema de poder.

Isso, é evidente, nem os burocratas do MEC e nem muitos "críticos à esquerda" do governo podem entender. E se entendem, não poderão jamais reconhecer.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Greve da educação em Goiânia

Os trabalhadores da educação do município de Goiânia estão realizando uma importante greve em defesa de seus direitos.

No dia 20 de maio foi decretado por unanimidade o início da greve. O Sindicato (SINTEGO) tentou realizar os mais diversos tipos de manobras para impedir o movimento grevista, mas não conseguiu. Essas artimanhas para evitar o início do movimento ocorreram devido à diretoria pertencer ao mesmo partido do Prefeito, o PT.

Os trabalhadores da educação do município de Goiânia estão revoltados com a situação de descaso com o ensino público. Os governos municipais sucatearam a educação municipal e impuseram um tremendo arrocho salarial aos trabalhadores. Faltam funcionários nas escolas, já que a prefeitura não manda substitutos para os funcionários administrativos, que ainda recebem abaixo do mínimo, sendo necessário complemento salarial para chegar nesse.

Os agentes educativos, que trabalham no CEMEI's, não possuem um plano de carreira e recebem um salário muito baixo, além de terem a obrigação de cuidar de uma grande quantidade de crianças em uma estrutura precária de trabalho.

Os professores cobram o piso nacional do magistério, que segundo a CNTE, é de R$ 1312,85. Como a maioria dos trabalhadores trabalha em uma jornada de 30 horas, a reivindicação é que esse valor seja pago para essa jornada de trabalho, o que deve ser a referência salarial para o professor em início de carreira e com diploma de magistério, que é conhecido por PI.

Foi diante de toda essa insatisfação que se iniciou o movimento grevista. Para evitar as sabotagens típicas do oportunismo da direção traidora e pelega do Sintego, os trabalhadores organizaram um comando de greve. Esse passou a realizar inúmeras atividades por toda a cidade, como panfletagens em terminais de ônibus, feiras, igrejas e outros, com o objetivo de informar a população os motivos da greve.

Mesmo assim, com toda a mobilização e indignação dos trabalhadores, a diretoria do SINTEGO continuou a tentar sabotar a greve, boicotando inúmeras atividades ou organizando os trabalhadores a realizar atividades burocráticas ou pacifistas, como doação de sangue ou visita em gabinetes dos vereadores. Para piorar, a diretoria convocou uma assembléia no dia 31 de maio para acabar com a greve, diante de uma indecente proposta da prefeitura petista para os trabalhadores. O comando de greve conseguiu se reunir antes e organizou a intervenção na assembléia, esclarecendo os trabalhadores das manobras do sindicato e da prefeitura e confrontando a diretoria pelega do sindicato. Tiveram que aceitar na marra a decisão da categoria e a greve continuou.

O comando de greve continuou a mobilização, realizando inúmeras atividades, como manifestação na visita da candidata Dilma à Goiânia, manifestação na visita do ministro Temporão à Goiânia, ocupação da Secretaria de Educação, serenata na casa do prefeito, entre inúmeras outras atividades. O movimento está sendo vitorioso, pois obrigou a todos os políticos, meios de comunicação e sociedade a discutirem sobre a educação pública em nossa cidade.

Como a prefeitura não apresentou nenhuma proposta para os trabalhadores a nossa greve continua e está cada vez mais forte, onde, segundo os dados da própria secretaria de educação, a greve atinge mais de 95 % da rede de ensino.

O nosso movimento grevista demonstra que a política educacional do Partido dos Traidores é a mesma dos outros, ou seja, defendem os interesses do sucateamento e da manutenção das péssimas condições de trabalho nas escolas. Esse fato nos demonstra que eleição é uma farsa e que só a luta dos trabalhadores pode mudar essa triste realidade.

Mais informações no blog: http://educacaogoiania.blogspot.com

VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO!

sábado, 12 de junho de 2010

Reproduzimos documento do MEPR sobre cortes nas verbas da educação pública

Governo Banco-Mundial/Lula anuncia corte de R$1 bi na Educação:


Magnatas_do_ensino_privado_de_nada_podem_reclamar Em plena euforia pela realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, e em meio a mais uma bilionária campanha eleitoral, o governo do oportunista-mor Luis Inácio anunciou mais um fato que desmascara bem a que serve exatamente o gerenciamento do velho Estado pela “esquerda oportunista”: o corte de mais 1,2 bilhão no orçamento do Ministério da Educação para 2010, tornado público em 31 de maio último.

Diga-se de passagem, inclusive, que este já é o segundo corte na pasta desde o início do ano: logo após a aprovação do Orçamento da União pelo Congresso Nacional o governo já havia anunciado redução em relação ao estabelecido –o tradicional contingenciamento. No total, o orçamento do Ministério da Educação será R$2,34 bilhões menor que o valor aprovado pelo Congresso. O ministro demagógico Fernando Haddad, um dos mais escolados demagogos deste gerenciamento oportunista, logo correu a dizer que isso em nada compromete seus “projetos”...De fato, se a intenção é radicalizar ainda mais a proliferação do ensino privado e o processo de sucateamento das instituições públicas de ensino, pode-se dizer que não há nada de novo no front.

Não é desnecessário dizer que enquanto o MEC foi atingido com um segundo corte de verbas outros Ministérios, digamos assim, “estratégicos” (do ponto de vista dos monopólios que governam o país, claro), viram ocorrer o inverso: um incremento em seus recursos. Foi esse o caso dos Ministérios do Turismo, da Agricultura e dos Esportes. É evidente que um mínimo de raciocínio lógico nos permite compreender o porquê: o Ministério do Turismo e o dos Esportes estão em profunda relação um com o outro, visto que a Copa do Mundo e as Olimpíadas são as meninas dos olhos dos empreiteiros, especuladores e governantes de plantão, oportunidade singular que representam tanto de lucros fabulosos quanto de que se cometam as mais bárbaras atrocidades contra a população pobre das grandes cidades. E o Ministério da Agricultura que, todos sabem, é a casa-grande dos escravocratas de nosso tempo, aonde se conjugam os interesses da claque latifundiária de velho e de novo tipo que, aliás, segue representando o principal setor da pauta de exportação do capitalismo burocrático brasileiro.

O que é ainda mais criminoso é que, quase ao mesmo tempo em que anuncia com uma mão o corte de mais de R$ 2 bilhões na educação em menos de seis meses, o sr.Luis Inácio assinou com a outra a doação, na prática, de R$1 bilhão para os tubarões do ensino privado. O que ocorre é que no ano passado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (cuja função inicial seria financiar a indústria nacional e que se transformou no maior capitalizador dos principais monopólios imperialistas instalados no País) liberou uma linha de financiamento, no valor de R$1 bilhão, para as universidades privadas. Tal linha de financiamento, oferecida com juros bem abaixo daqueles estipulados pelo Banco Central (que são os mais altos do mundo), terá duração de cinco anos e, segundo matéria divulgada pela Folha de São Paulo em agosto de 2009, teria como objetivo “ajudar as instituições para diminuir os efeitos da crise econômica”. Tal linha de financiamento, pode-se dizer, é verdadeira doação, visto que o dinheiro poderá ser usado pelos tubarões do ensino privado da maneira como quiserem, inclusive para pagamento de dívidas anteriores.

Trocando em miúdos: o corte anunciado em maio último equivale exatamente à doação ao ensino privado anunciada em agosto de 2009. Pode algo ser mais escandaloso do que isso?

Sim, pode. É a traição da UNE e da quadrilha que a dirige, que é verdadeira tropa de choque das medidas adotadas pelo imperialismo contra o ensino público brasileiro, em todos os seus níveis. Ora, não estão eles abocanhando um belo quinhão das migalhas que caem das mesas daqueles a quem servem? E, diga-se de passagem, do próprio orçamento de que dispõe efetivamente o MEC grande parte não chega a ser utilizado no ensino público, perdendo-se na imensa máquina de licitações e corrupção que caracteriza o velho Estado brasileiro, ou sendo aplicada abertamente no ensino privado, como no caso do PROUNI.

É necessário entender que a tarefa urgente dos estudantes brasileiros é seguir em permanente mobilização, uma vez que é claro que o desmonte do ensino público é uma política de Estado, teleguiada desde a metrópole ianque. Sem uma permanente luta, contra o gerente de plantão e, ao mesmo tempo, contra o oportunismo de todo tipo, não será possível liberar as imensas energias da juventude brasileira, no sentido de empreender maiores e mais radicalizadas jornadas de luta. E sem luta, muita luta, afinal de contas, não será possível alterar os sombrios rumos projetados para as escolas e universidades públicas nos próximos anos.


ABAIXO A CONTRA-REFORMA DO BANCO-MUNDIAL!
PREPARAR A GREVE GERAL!
REBELAR-SE É JUSTO!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Combativa Greve dos trabalhadores em Educação de Minas Gerais

Viva a Justa Greve dos Trabalhadores em Educação
Exaltamos a firme decisão da categoria de rechaçar a pressão da “justiça” burguesa e as ameaças por parte do governo de corte de pagamento e demissões. Os trabalhadores em educação estão certos em não ceder a essas pressões e em votar pela continuidade da greve. Acreditamos ser a luta classista e combativa a única forma de desmascarar esses governos demagógicos e escancarar o caráter de classe da “justiça” brasileira, que em todos os últimos movimentos grevistas tem seguido o mesmo receituário de aplicação de multas com o intuito de desmobilizar a classe e servir aos interesses dos dominantes.
O governo Aécio/Anastasia acionou sua Tropa de Choque: a fajuta FAPAEMG. Essa entidade fantasma e que não representa nada, acionou o ministério público contra a greve mas na verdade deveria é ter vergonha na cara e acionar os governos que arrocham os salários e destroem a educação pública.
Não passam de oportunistas e eleitoreiros. Há décadas que a educação pública vem sendo sucateada por esses governos e nunca sequer vimos uma representação dessa “entidade” contra a superlotação das salas de aula, o fato das bibliotecas serem um depósito de livros didáticos, contra a reforma curricular do Ensino Médio, que impede o acesso dos alunos as ciências e a totalidade do conhecimento.
Nossa greve dialoga com os pais, alunos e toda a comunidade escolar. Lutamos por um piso salarial decente, por que entendemos que uma educação de qualidade passa por termos trabalhadores valorizados e estimulados. No fundo, nossa greve é pela defesa da educação pública. Pensamos em nossa sobrevivência sim! Mas pensamos também nos nossos milhões de alunos e alunas, filhos e filhas do povo, haja vista, que não temos nenhum filho de desembargador, de mega-empresário ou de um político corrupto em nossas escolas.
É muita contradição! Um desembargador que ganha cerca de 30 mil reais, na qual os seus descontos certamente são maiores que os salários dos educadores, vir julgar ser legal ou não reivindicarmos salários dignos e melhores condições de trabalho.
Nesse sentido, o que está na ordem do dia é a negociação urgente com o governo. O governo Aécio/Anastasia tem dinheiro de sobra para construir palácios e para favorecer os grandes empresários. Torraram mais de R$ 1 bilhão e 200 milhões na faraônica construção da “Cidade Administrativa”.
Não nos faltam argumentos. Nossa Greve é Justa. Minas Gerais tem a segunda maior arrecadação tributária do país e os royalties do minério de ferro. Arrancaremos essa negociação na luta, radicalizando nossas ações e nos mantendo firmes.
O caminho para a conquista de melhores salários, condições de trabalho e direitos do povo como educação, saúde, etc. é a luta combativa.
Ousar Lutar, Ousar Vencer!

Liga Operária e Marreta apoiam a greve
Basta de arrocho, exploração,
opressão e enganação!
A Liga Operária e o Sindicato dos Trabalhadores da Construção de BH - Marreta, manifestam integral apoio e total solidariedade à greve dos trabalhadores da educação.
Os trabalhadores brasileiros não suportam mais tanto arrocho salarial e precarização das condições
de vida e de trabalho. Respondem com greves ao acirramento da exploração e opressão. Mas, quase sempre, estas greves são traídas e derrotadas pela ação dos pelegos que ainda dominam a maioria das entidades sindicais. A burguesia, contando com o governo e seus lacaios, aumenta a violência sobre os trabalhadores, piora ainda mais as condições de trabalho, precariza as contratações, causa inúmeras mortes e mutilações em “acidentes de trabalho”, amplia a repressão policial e saqueia os cofres públicos. É a forma usada pela burguesia reacionária para tentar se safar da aguda crise do seu sistema imperialista. Essa crise, que atinge todos os países, é parte da crise crônica e cíclica desse apodrecido capitalismo da era atual.
Os governos serviçais do pelego-mor Luiz Inácio e Aécio/Anastasia entregam bilhões de reais para os bancos, montadoras, construtoras, mineradoras e outros grandes grupos burgueses e latifundiários.
A farsa das eleições está de novo sendo encenada. Nesse teatro da hipocrisia, os grupos de poder disputam de forma acirrada a gerência desse Estado semi-colonial para garantir ocupação dos cargos no governo e a distribuição das benesses. Novamente se alinham o PT, Pecedobê, CUT e as outras centrais, cúpula do MST e demais oportunistas que estão no governo contra o PSDB, DEM, etc. Ambos os lados têm o mesmo programa ditado pelo imperialismo, grande burguesia e latifundiários. É tudo farinha do mesmo saco, cavalgam os interesses das massas e atacam o povo.
A corrupção e a roubalheira dominam todas as esferas do poder. É expressão de uma crise moral insanável deste velho Estado, de suas classes dominantes, de suas instâncias executivas, legislativas, judiciárias, de suas instituições, polícia e seus partidos políticos.
Milhares de camponeses pobres sem terra levantam-se em luta em todo o país proclamando a destruição do latifúndio enquanto o velho Estado e seu governo de turno desencadeiam a mais brutal repressão contra o movimento camponês combativo e todos os pobres do campo. Mas apesar da repressão e da onda de ataques e mentiras promovida pela imprensa venal da grande burguesia e do latifúndio, as massas camponesas avançam com tomadas de terra em todo o Brasil.
É fundamental o apoio de todos os trabalhadores à luta dos camponeses pobres pela terra e pelo fim do latifúndio e o reforço da aliança operário-camponesa. A Revolução Agrária, integrando a Revolução Democrática ininterrupta ao Socialismo é uma necessidade inadiável e único caminho de tirar o Brasil da crise e o povo da miséria. Para a classe operária e as massas populares não existe outro caminho para resolver seus problemas que a Revolução. O caminho é a destruição deste cruel sistema de exploração de uma pequena minoria de ricaços sobre a grande maioria e a construção de um mundo novo. O caminho é enfrentar a burguesia e destruir o latifúndio. Para isso é preciso combater o imperialismo, as minoritárias classes dominantes e seu Estado genocida de forma inseparável do combate ao oportunismo que engana e desvia as lutas das massas para o caminho da conciliação.
Abaixo a farsa das eleições!
Preparar a Greve Geral!
Viva a Aliança Operário-Camponesa!
Viva a Revolução Agrária!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CARTA DO MOCLATE AOS ESTUDANTES DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS, PRINCIPALMENTE AOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE LICENCIATURAS E DE PEDAGOGIA

O MOCLATE – Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação foi criado em novembro de 2008, em um encontro nacional. Após analisar a relação entre a educação, as políticas educacionais, a realidade das condições de trabalho nas escolas e o tipo de capitalismo no país, o encontro decidiu pela criação do movimento. Em 2009, no segundo encontro nacional houve uma maior densidade das afirmações da linha classista, inclusive contando com a participação do movimentos estudantil, operário e camponês. O MOCLATE continua levando a discussão classista, sem separar teoria e prática, para dentro das escolas públicas brasileiras e organizando escolas populares junto com os movimentos de massas em luta. (Conheça a carta de princípios da organização do MOCLATE e outras informações no blog: moclatel.blogspot.com)
O MOCLATE conclama os estudantes brasileiros em geral, e em especial os estudantes dos Cursos de Licenciatura, Formação de Professores e Pedagogos a se mobilizarem e a se organizarem em defesa da educação pública brasileira e da melhoria nas suas condições de trabalho, contra o seu acentuado grau de ruína e sucateamento decorrentes das “reformas educacionais” do Banco Mundial executadas pelo gerenciamento de Luiz Inácio (FMI-PT). O sucateamento e a precarização das instituições públicas de ensino, desde as universidades com os cursos de graduação e de pós-graduação que oferecem, até a educação básica dos ensinos fundamental, médio, profissionalizante, da educação infantil e das creches, é parte da essência do que são as políticas deste velho estado e o seu sistema de poder, das classes parasitárias do povo e o seu sistema de governo sob o gerenciamento do oportunismo. As “reformas educacionais” ditadas pelo Banco Mundial, tais como “PCNs” e “Diretrizes Curriculares“ (gerência FHC), “PROUNI” e “REUNI” (gerência Luiz Inácio), só servem para impor uma educação domesticadora, servindo aos interesses do capital monopolista, da dominação do nosso país sob a forma de semicolônia e da exploração de nosso povo.

Capitalismo burocrático e a realidade da educação no Brasil
O capitalismo brasileiro é um capitalismo burocrático. E o que isso significa? E o que tem a ver com o modelo de educação vigente no país? O capitalismo burocrático é o capitalismo implantado pelos países imperialistas nos países colonizados e semi-colonizados. É esse o tipo de capitalismo presente no Brasil e em todos os países dominados pelo imperialismo que não lograram realizar suas revoluções burguesas. Na era do imperialismo, que é a era dos monopólios, a era do capitalismo agonizante, a era da partilha do mundo por um pequeno número de países imperialistas, o modelo burocrático de capitalismo nos países dominados determina os tipos de relações sociais de produção em todos os níveis: na agricultura, na indústria, na ciência e tecnologia, na cultura e na ideologia; gera os modelos pedagógicos de todas as instituições de ensino.
A crescente desnacionalização e privatização da economia brasileira, a entrega das riquezas das reservas naturais e da produção brasileira aos monopólios e ao sistema financeiro, com o mais acentuado grau de rapinagem do país pelo imperialismo em curso, são as características básicas do tipo de capitalismo burocrático e do seu estado. Um estado que representa um sistema de poder da burguesia e dos latifundiários serviçais do imperialismo, cujo sistema de governo está há oito anos sob o gerenciamento do oportunismo FMI-PT. O que é verificado no campo da economia é reproduzido no processo de adoção dos modelos pedagógicos, dos currículos, da organização do ensino e do controle das ciências a partir de sua legitimação pelos mesmos monopólios sediados nos países imperialistas. Um processo determina o outro. Um país dominado em termos da produção e da economia é um país que tem o seu sistema educacional também sob dominação. É assim que é exercido o controle pelo Banco Mundial sobre os planos, os programas, os custos e a epistemologia da formação dos sistemas educacionais brasileiros, transmitidos pelo MEC e pelas secretarias estaduais e municipais de educação.
O movimento classista dos trabalhadores intelectuais e cientistas precisa se por na contra-corrente dessa dominação e dessa determinação. Como afirma Marx, em A Guerra Civil na França, sobre a necessidade de “fazer da ciência um instrumento não de dominação de classe, mas sim uma força popular; fazer dos próprios cientistas não alcoviteiros dos prejuízos de classe parasitas do estado à espera de bons lugares e aliados do capital, mas sim agentes livres do espírito.” Para Marx, “a ciência só pode jogar seu verdadeiro papel na República do Trabalho”. Assim na república do capital onde as ciências foram convertidas em forças produtivas capitalistas, os cientistas só podem ser verdadeiramente reconhecidos como tais se assumirem o papel de esclarecer as leis que entravam o próprio desenvolvimento da ciência e todo o seu potencial libertador.
As instituições científicas e escolares com os tipos de cursos e os seus respectivos currículos, desde a educação infantil até o mais alto grau da pós-graduação, sofrem a determinação da estrutura das classes sociais em luta. Para exemplificarmos as condições de trabalho nas escolas públicas brasileiras tomemos a realidade concreta da educação de um dos seus estados, o Paraná:
A educação básica neste Estado que tem como gerente de turno o senhor Roberto Requião que assume, por sua vez, a posição de um velho caudatário do gerenciamento de Luiz Inácio, sofre das mesmas ruínas em suas escolas: 1) uma escola com salas de aula superlotadas; 2) professores sobrecarregados de trabalho e sem carga-horária suficiente para preparar aulas, pesquisar, estudar e desenvolver planejamentos e avaliações do seu trabalho de modo interdisciplinar com os seus colegas (hora-atividade); 4) equipe pedagógica em número insuficiente de profissionais para o desenvolvimento da organização do trabalho pedagógico e permanentemente solicitada para atender demandas burocráticas da SEED; 5) estruturas físicas sucateadas das escolas sem condições de permanência e de trabalho do corpo docente e dos funcionários fora das salas de aula; 6) falta de laboratórios e defasagem de equipamentos atualizados para desenvolvimento de aulas práticas em todas as áreas; 7) falta de pessoal de apoio técnico como bibliotecários, nutricionistas, técnicos de laboratórios, merendeiros, psicólogos, especialistas em educação especial (DV, DA, DF, DM, entre outros); 8) falta de mais profissionais concursados e um grande número de professores com contratos temporários, precários e sem direitos trabalhistas; 9) baixos salários em todas as faixas da carreira dos servidores – a começar pelos professores cujo salário inicial após concluir a graduação e ser aprovado em concurso receberá a bagatela de R$ 737,95 por 20 horas de trabalho.
Todo esse quadro torna a escola um ambiente por vezes doentio. Trata-se de uma enfermidade social gerada pelas próprias políticas educacionais. Um grande número de professores tem sido afastado do trabalho para tratamento de doenças adquiridas em face dessas condições nas escolas. O que se observa em termos das condições de trabalho nas escolas do Paraná é parte do que ocorre no resto do país.
Esse quadro contrasta com a enganosa propaganda governamental. Os senhores Luiz Inácio, no gerenciamento nacional, e Roberto Requião, no gerenciamento da política provincial, gastam milhões em propaganda para tentar convencer as mentes do povo que fazem o que podem para a educação, e que ela está melhorando. É esse o tipo de melhora. Cumprindo o papel de serviçais de turno da burguesia, os oportunistas na direção estadual da APP-SINDICATO, dos trabalhadores em educação pública do Paraná, se limitam a organizar atos em conjunto com a SEED e com o MEC como a “CONAE” e a propor a criação de “comissões e grupos de trabalho” para encaminhar as decisões como a de “avaliação de desempenho” de funcionários. É para isso que serve o oportunismo na direção desses sindicatos.

Educação Científica e Escola em Período Integral
Erguendo a bandeira da educação científica e em defesa de uma escola pública de qualidade socialmente referenciada e articulada com os interesses da classe trabalhadora, o MOCLATE defende a escola em período integral e a melhoria das condições de trabalho na educação em todos os níveis. Defende que algumas garantias já conquistadas pelos professores das universidades públicas, como os contratos de Dedicação Exclusiva e a distribuição da carga-horária de 40 horas entre ensino, pesquisa e extensão, e atendimento a alunos, preparação de aulas e avaliação, sejam também estendidas aos professores e pedagogos da educação básica. Essas conquistas dos professores universitários estão seriamente ameaçadas pela “reforma universitária” FMI-Lula-Banco Mundial.
A escola em período integral interessa aos trabalhadores brasileiros, em geral, e o MOCLATE assume essa luta. Para a sua implantação é necessário abrir novos concursos que pelo menos dobrem o número de professores e funcionários das escolas. É necessário construir novas escolas e reformar as atuais, dotando-lhes de todas as estruturas capazes de atender alunos e funcionários, restaurantes, cozinhas, bibliotecas, enfermarias, espaço de lazer e recreação, boas salas de aula, laboratórios de ensino e aprendizagem de todas as disciplinas, salas de permanência e estudos para os professores, pedagogos e demais funcionários, hortas escolares, auditório para a realização de eventos culturais, científicos e de interesse da comunidade.

A Escola Popular
A organização das Escolas Populares é a forma mais efetiva dos trabalhadores em educação e dos estudantes para apoiar o desenvolvimento da luta classista em nosso país. A realidade dessa luta demanda mais e mais estudantes e professores no apoio e no desenvolvimento desse tipo de escolas no campo, principalmente onde o movimento classista camponês vem se organizando para tomar terra, tomando-as e distribuindo-as a quem delas precisam para plantar, colher e viver. A escola popular assume o classismo como linha mestra do seu desenvolvimento pedagógico, centrando na disciplina e na coletividade dos seus membros para a formação intelectual, científica, política e produtiva.

A Luta de Classes no Campo
O sistema latifundiário brasileiro assassina, grila e manda matar há séculos. Para isso conta com o apoio dos “governantes” e do “judiciário”. Enquanto isso a “reforma agrária” anunciada pelos gerentes de turno do estado burocrático-latifundiário não sai do papel. Cresce a organização e a temperatura de luta de classes no campo que demanda por uma revolução agrária. O movimento camponês classista e combativo segue avançando tomando terras e distribuindo-as a quem nelas trabalha. De acordo com o Editorial do Jornal A Nova Democracia, no gerenciamento de Luiz Inácio “se promove a mais intensa perseguição aos camponeses em luta pela terra”. Se no gerenciamento de FHC foram assassinados 204 camponeses (contados a partir de 1997), sendo 77 na região Amazônica, no gerenciamento de Luiz Inácio já foram 222 camponeses assassinados até agosto de 2009, sendo 121 só na região amazônica (www.anovademocracia.com.br). Esses assassinatos de camponeses retratam a luta de classes no campo; são também a comprovação de que há uma região onde essa luta assume principalidade: a Região Amazônica. Eles também são a prova inconteste da ação criminosa dos latifundiários e do seu estado. O MOCLATE entende que não é possível mudar nosso país sem revolucionar sua estrutura agrária, por isso apóia a revolução agrária e conclama os estudantes a organizarem comitês de apoio aos camponeses na sua luta e organização pela destruição de todos os latifúndios e distribuição de terras a quem nela trabalha, denunciando os crimes do latifúndio e do seu velho estado.
O MOCLATE conclama ainda os estudantes a erguerem a bandeira do classismo e a organizarem em torno dela o seu verdadeiro movimento estudantil combativo, apoiando o movimento operário e camponês na luta pelas grandes e vitoriosas batalhas em curso para destruir parte por parte o sistema de poder das classes exploradoras e o seu velho estado. Um estado burocrático, burguês e latifundiário a serviço do imperialismo. A destruição desse velho poder e a edificação do novo poder, das massas e para as massas, que tem como primeiro conteúdo a destruição do sistema latifundiário sob a bandeira da revolução agrária e distribuição de terra a quem nela trabalha, é tarefa não só dos operários e camponeses, mas também de todos os estudantes filhos do povo brasileiro e de todos os intelectuais sérios. Sem a destruição de todos os latifúndios não há desenvolvimento. Destruir o latifúndio é parte da revolução de nova democracia para a edificação de uma nova economia, uma nova política e uma nova cultura, sob a hegemonia do proletariado organizado a partir da aliança operário-camponesa.


Viva o classismo nos Movimentos Populares!

Viva a nova intelectualidade formada por estudantes, professores e demais trabalhadores em educação comprometidos com o desenvolvimento das ciências, do pensamento livre que sirva ao povo brasileiro!