quarta-feira, 24 de junho de 2009

A difusão da Ciência e a Escola Popular

A difusão do materialismo histórico-dialético

Atualmente no campo teórico e prático da educação verifica-se a hegemonia das pseudo-teorias “deflacionárias da verdade” (pós-modernas). Essas teorias primeiro negam a possibilidade de conhecer objetivamente a realidade, depois negam a possibilidade de conhecimento desta em sua totalidade e, por último, negam sua própria existência. Com bases filosóficas idealistas e empiristas, ou ambas, não passam, de fato, das formas da burguesia tentar “maquiar a realidade”, e, conseqüentemente, impedir a busca por formas objetivas de sua interpretação.
Afinal, se não se sabe como é a realidade, esta nunca poderá ser alterada, ou ainda, se esta não existe de forma objetiva, existem somente formas de enxergá-la e, se assim é, na realidade justifica-se como verdadeira qualquer tipo de interpretação. Num mundo como este, a escola vira local de “convívio social” e o professor mero “incentivador de aprendizagens”. As conseqüências são a organização de uma escola que prioriza o “cultivo de saberes e culturas”, em contraposição ao ensino do conhecimento científico acumulado pela humanidade. No limite, não há necessidade de professor, como exemplifica modalidades como o ensino à distância e coisas do gênero.
Evidentemente ao proletariado esta forma de pensar não serve, pois há a necessidade, para estes, de outro mundo. A escola que interessa ao proletariado, portanto, é aquela que se paute em outra visão, que parte do pressuposto que o mundo existe independentemente da sua consciência e que este tem que ser entendido objetivamente para também ser transformado. Para tanto necessita-se de conceitos científicos e da presença de professores(as) com o domínio de conceitos científicos que lhes permitam a realização de um trabalho consciente capaz de socializar as teorias científicas construídas ao longo da história.
Além da atuação no âmbito da escola institucional um outro possível e necessário campo de atuação para todos aqueles educadores progressistas, é a participação nos trabalhos de educação popular, através do desenvolvimento das escolas populares. O propósito destas escolas, sinteticamente falando, é, além da transmissão do conhecimento científico, a politização das massas trabalhadoras, a partir da elevação da sua consciência política e do incentivo ao trabalho coletivo, a cooperação mútua e a solidariedade, em contraposição ao individualismo tão presente na sociedade capitalista.

Concepção de Escola Popular

A sociedade em que vivemos é uma sociedade dividida em classes. De um lado estão os exploradores e de outro os explorados. O que move a sociedade é a luta de classes. Esta luta é pelo poder político e, no caso das classes exploradas, contra a exploração.
A educação sempre serviu à burguesia como forma de manter sua dominação. A história é contada como se o povo fosse menos importante nos acontecimentos e quem faz a história para a burguesia são os reis, os heróis, etc. Na nossa concepção são as massas que fazem a história e elas podem transformar tudo!
Uma escola popular deve servir ao povo, à classe trabalhadora. É ela que tudo constrói, e a ela deve pertencer o poder político. Servir a classe trabalhadora significa compreender o papel que esta tem na transformação da sociedade. Por isso na escola popular todo o trabalho voluntário não é visto de forma assistencialista. Entendemos que o que não deixou o trabalhador aprender a ler e escrever foi o sistema capitalista que o oprime e não quer que ele entenda a lógica do mundo e as saídas para a sua opressão.
A Escola Popular é, antes de tudo uma escola de politização. Entendemos que todo trabalhador tem consciência da exploração a que está submetido, mas deve elevar esta consciência e construir um mundo justo. Isto não será ação de nenhum “salvador da pátria”, mas do próprio povo em sua luta. Para isto, o povo precisa saber ler, escrever, interpretar, questionar, investigar, dominar toda a ciência. Para saber governar e não mais ser enganado.


A Escola Popular apóia-se principalmente em três princípios:

Apoiar-se nas próprias forças: Conforme diz a letra da Internacional Socialista, o hino internacional do proletariado, “façamos nós com nossas mãos, tudo o que a nós nos diz respeito”. Valorizamos todo apoio dado a nós por organizações de defesa dos direitos e interesses do povo. Entretanto, não permitimos qualquer interferência de governos, partidos politiqueiros ou empresas que oprimem o povo. Por isso buscamos nos manter através das nossas próprias forças, dos trabalhadores e dos que se colocam a seu lado.

Trabalho coletivo: Os operários são os que mais entendem o que é o trabalho coletivo, só que, nas fábricas, este trabalho é usado para dar lucros somente a que os explora. Na construção de tudo o que nos interessa devemos trabalhar coletivamente, pois, desta forma somos capazes de fazermos mais e melhor. Muitas Escolas Populares estão e serão construídas e é a força do coletivo que garantirá seu êxito.

Coordenação coletiva: A Escola Popular não pretende ser uma escola dirigida somente por coordenadores e educadores, impondo decisões de “cima para baixo”. Como queremos uma nova sociedade, onde haja uma verdadeira democracia, pretendemos começar a construí-la já. Por isso, defendemos uma direção coletiva, com a participação de educandos e educadores.

Concepção de Ensino da Escola Popular
A Escola Popular ao expor sua concepção de ensino tem como fundamento que a origem de todo conhecimento existente provém da ação do homem, através do TRABALHO. Isto porque todo o conhecimento existente é fruto da ação do homem, principalmente do trabalhador, que é aquele que pratica as ações do conhecimento na natureza e no mundo. Esta idéia é a central para o desenvolvimento de qualquer prática de ensino que se desenvolva na Escola Popular, pois ao reconhecer que a fonte do conhecimento é das mãos do trabalhador, este deve ter uma escola que sirva aos seus interesses.
Na nossa sociedade existe uma divisão do conhecimento entre o teórico e prático. Esta divisão tem reflexos no mundo trabalho, onde aquele que detém o conhecimento teórico tem posições superiores aos que possuem somente o conhecimento prático. Porém, sem o conhecimento prático, o teórico não se efetiva; o que demonstra a importância da prática em todas as ações humanas. Um exemplo na construção civil é a relação do trabalho do engenheiro com os operários. Sem a prática dos trabalhadores o planejamento do engenheiro não é possível. Mas além de reconhecer o valor da prática, por meio do ensino o educador deve permitir que o educando perceba as formas de romper com algumas amarras existentes na nossa sociedade.
A partir da discussão sobre esta divisão entre a teoria e a prática, a Escola tem como desafio trazer para o ensino o exercício e o reconhecimento da prática do trabalhador. E este reconhecimento se dá no ensino pelos conteúdos a serem estudados e pela forma que o ensina, além da postura do professor de estar aliado à luta que os trabalhadores impulsionam.
Com relação aos conteúdos, estes devem se guiar por questionamentos como: Que conteúdo ensinar? Para quem ensinar? Quem aprende com quem? De que formar ensinar? Ao fazer estes questionamentos, e ter claro que o público da Escola Popular é de trabalhadores, o ensino deve atender as demandas dos educandos, que além de ler e escrever é ter acesso ao conhecimento cientifico e a técnica de aplicação deste.

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